“O sentimento de
perda nunca é algo fácil. Desde perder um emprego, um animal de estimação até
as pessoas amadas, a sensação deixada é sempre a de uma dor que parece que não
vai sarar, - mas é aí que você se engana: essa dor vai passar e transformar-se
em algo diferente, na saudade.
João Alexandre Borba,
psicólogo e coach, lembra que, ao perder alguém, é mais do que saudável chorar
e sentir-se triste pelo acontecimento. “Você precisa passar certo tempo
sofrendo, é natural. Nessas horas, a pior coisa a se fazer é chegar para a
pessoa que está em luto e dizer ‘não fica assim, não’. Como assim, não é para a
pessoa ficar triste? Como ela deve se sentir nesse momento?”, exalta.
Nessas horas é
preciso respeitar o momento em que a pessoa se encontra e deixar com que ela
libere e se entregue à emoção que está sentindo no momento. “Todos sabem que
esse é um momento difícil. Não é a toa que até os empregos muitas vezes liberam
o profissional durante um ou dois dias para que ele tente colocar sua vida de
volta nos eixos”, comenta Borba.
Nesses primeiros dias
após a morte ocorre o que pode ser chamado de fase de negação, ou seja, a
pessoa se recusa a acreditar no que aconteceu. “Quando um casal mora junto e um
deles falece, é comum, nos primeiros dias, que aquele que está vivo ache que o
outro irá aparecer a qualquer momento ou até mesmo esquecer-se de que ele
morreu. É a negação da morte – e a esperança de que a pessoa volte”, explica
Borba.
Depois da negação, vem
a fase da raiva. A pessoa fica com raiva da situação e até da pessoa que se
foi. “Como assim, ele(a) morreu e me deixou aqui nessa situação? Por que ele(a)
foi tão egoísta comigo?”, comenta o especialista, que diz que essa é uma fase
necessária, afinal, se a pessoa manter-se na negação para sempre, ela não sai
do lugar - e a fase da raiva lhe dá energias para tentar superar o
acontecido.
Logo após vem a fase
da negociação, a qual a pessoa negocia a despedida. “Frases como ‘perdi essa
pessoa, mas a vida segue’ ou ‘a pessoa ia ficar feliz se me visse prosperando’,
etc., são comuns nessa hora”, comenta Borba.
Só depois dessas
fases é que vem a fase da tristeza real e legítima, que acontece quando a
pessoa entende a perda e a aceita de alguma forma. “É quando cai a ficha. Nessa
hora o sentimento de dor é maduro, e não de desespero. Porém, para chegar e
superar esse estado, é preciso passar por todos os anteriores”, ressalta.
Depois da tristeza é
a hora de começar a se reerguer e voltar a sua vida por inteiro – e não aos
trancos e barrancos. É a hora de fazer as coisas voltarem aos trilhos. “Acho
que o dia de finados é uma oportunidade de as pessoas pensarem se realmente se
despediram daqueles que se foram ou ainda deixam com que o sentimento de dor
tome conta das suas vidas”, diz Borba.
O psicólogo lembra
que as saudades existirão para sempre, mas, ela deve existir com uma sensação
de “leve tristeza”, e não de arrebatamento. “Se as saudades aparecem de um
jeito avassalador é porque muito provavelmente o ciclo do luto não se fechou.
Aproveite o dia para fazer isso: fechar o ciclo do luto e honrar a pessoa que
se foi com amor, boas lembranças e emoções positivas”.
João Alexandre Borba
- Master Coach Trainer e Psicólogo - joao.alexandre@live.com
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