Lar dos Velhinhos de Maringá
Os céus os abençoem!
Informações do dia-a-dia sem fronteiras.
Os 10 aparelhos domésticos que mais consomem energia --Ministério da Energia
A quantidade de energia consumida por cada aparelho depende de sua potência. Dessa forma, o consumo pode variar de acordo com a marca, o tipo e o tamanho do equipamento. O tempo de uso também é determinante.
"Manhã fria de 19 de junho de 2021.
Fria no sul do Brasil, fria na alma e no coração de milhares de brasileiros. Hoje alcançaremos a triste marca de 500 mil conterrâneos mortos pela Covid. Isso mesmo: meio milhão de vidas ceifadas por uma gripe. Não adianta negar. Chega de negar. Acabo de passar mais um plantão de UTI Covid, cheia de jovens adultos. Não há mais idosos em nossos plantões, exceto os raros que não se vacinaram. As vacinas são perfeitas? Claro que não, nada é perfeito (exceto Deus), mas são as melhores armas que conseguimos fabricar contra esse vírus imprevisível, até agora. Porém, mesmo as melhores armas podem falhar. “Mais um colega vacinado está grave na UTI”, diz o colega que veio pegar o plantão. “Ontem, quando soube, fiquei muito mal”, completou. Um jovem médico, trinta e poucos anos, sem doenças (exceto asma, talvez), uma usina de força e saúde, que trabalhava quase sem parar na linha de frente desta guerra, agora luta pela própria vida. Nada é perfeito. Portanto, temos que somar defesas contra esse inimigo invisível, e as mais fortes que temos são as físicas (máscara, distanciamento e higiene, sendo a primeira talvez a mais importante) e a vacinação em massa (que também gera uma “imunidade comunitária”). Quanto mais e mais rápido vacinarmos, mesmo com vacinas imperfeitas, mais vidas serão salvas. Não é a “imunidade de rebanho” (resultante da infecção das pessoas) que salva, é a vacinação. A quantidade de mortos será infinitamente maior se contarmos mais com a primeira e menos com a última. Não há remédios outros que protejam contra a Covid, lamentavelmente. Milhares de pessoas fizeram e fazem uso de certas medicações, com ou sem receita médica, acreditando que não terão a doença ou terão apenas as formas leves da mesma, mas não há garantias. A UTI que acabei de deixar está cheia de pacientes que as usaram. Os estudos de melhor qualidade não mostraram redução na mortalidade com o uso dessas drogas. A mortalidade absurda em nosso país sugere que não ajudem. “Ah, mas a indústria farmacêutica…”. A única droga que reduziu a mortalidade da Covid, quando bem usada (na vigência de queda da oxigenação, geralmente em pacientes internados), custa poucos reais, menos do que qualquer outra droga de qualquer “kit”. “Ah, mas se não faz mal, por que não usar?”. Porque não ajuda. Se o único efeito benéfico comprovado é o controle dos sintomas, por que não usar apenas sintomáticos? Em 80% dos casos, a Covid será leve, e assim deve ser tratada, como uma gripe leve (antigripal e sintomáticos). Não se deve usar antibiótico, a não ser que se suspeite de infecção bacteriana associada, que ocorre em menos que 3% dos casos ambulatoriais. Não se deve usar corticoide nos primeiros dias de sintomas, porque isso pode aumentar a replicação viral e piorar a infecção (a não ser em casos em que a oxigenação caia precocemente). Não se deve usar anticoagulante se não houver suspeita ou confirmação de trombose (exceto nos pacientes internados, que devem receber anticoagulante profilático). Não se deve usar vermífugo, exceto para desverminar. Vitaminas precisam de meses para acumular e, portanto, tomá-las por poucos dias não fará diferença prática em pacientes já infectados. Há outros remédios que podem ser usados, mas em ambiente hospitalar e em situações específicas, que só o bom médico sabe. Enfim, não é fácil. Não está sendo fácil, pelo contrário. Estamos exaustos. Estou muito cansado. Ao sair, vejo um crucifixo em uma parede pálida, vejo Jesus despido nesta manhã fria, neste mundo frio, mundo que ele defendeu com a própria vida. Jesus tornou-se humano para nos salvar, morrendo pelo perdão dos nossos pecados. Passados mais de dois mil anos, seguimos pecando, cada vez menos humanos. Faço o sinal da cruz, orando para que esse símbolo seja cada vez menos frequente em nossos cemitérios e mais frequente em nossos pensamentos, não como sinal da morte, mas como lembrança do que Deus foi e é capaz de fazer. Quando vamos merecer? Quando pararmos de mentir, eu creio, inclusive para nós mesmos. Quando passarmos a respeitar Sua obra, da qual a ciência faz parte. Quando entendermos que a vida é a maior benção e que daqui nada se leva ou se deixa, a não ser o que se aprendeu e se ensinou (de bom). Cuidem-se. " - doutor Francismar Prestes Leal