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01 junho 2009

Os desafios de Curitiba para a Copa 2014

" A capital paranaense foi escolhida neste domingo, 31/5, como uma das cidades-sede da Copa 2014. Agora, começam de fato os desafios para que Curitiba consiga superar as deficiências em infraestrutura, esportiva e geral, para atender às exigências da Fifa e, principalmente, transformar esse megaevento em plataforma para se lançar como destino turístico internacional, especialmente do turismo de negócios.

Os principais itens a serem equacionados pelos poderes públicos em Curitiba relacionam-se à capacidade de vagas nos estacionamentos do entorno do Arena da Baixada, de acessibilidade ao estádio por transporte de massa e a mobilidade dos turistas dos pólos hoteleiros ao estádio e para os principais destinos turísticos.

Além dessas questões, a capital paranaense precisará equacionar as dificuldades de mobilidade dos turistas do aeroporto aos pólos hoteleiros, especialmente nos horários de maior movimento do trânsito.

Há ainda outras questões relacionadas à segurança e limpeza urbana, itens que, de acordo com pesquisas, afetam sensivelmente a percepção do turista estrangeiro. Curitiba precisará de um planejamento por parte da Prefeitura específico para melhorar a limpeza pública, ação que trará resultados não apenas na imagem da cidade para os turistas da Copa, mas permanecerá como um resultado positivo para os seus habitantes e visitantes muito depois da realização do campeonato mundial de futebol. A segurança pública também exigirá uma proposta específica, visando a garantir a segurança de turistas, nacionais e estrangeiros, em visita à cidade. Tudo isso é essencial para que Curitiba se firme como um pólo turístico de negócios, principalmente, mundial.

Todas essas questões e desafios, porém, exigem planejamento, disciplina que anda relegada ao segundo plano em nosso país. Afinal, da data da escolha do Brasil para sediar a Copa 2014 ao anúncio das cidades-sede passaram-se 19 meses. Perdidos, pela falta de planejamento. As obras necessárias nas diversas áreas exigem projetos executivos (em sua forma final, detalhada), que estabeleçam técnicas construtivas, especificações de materiais, cronograma e orçamentos rigorosos, a fim de evitar serviços feitos às pressas, portanto malfeitos, com custos muito superiores aos previstos inicialmente. O exemplo negativo mais recente é o da realização dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro. As obras ali, estimadas inicialmente em R$ 400 milhões, custaram ao final R$ 3,8 bilhões. E deixaram um “elefante branco”: o estádio do Engenhão. A capital carioca praticamente não se beneficiou dos investimentos.

Assim, é essencial que o governo do Estado, a prefeitura curitibana e as demais prefeituras das cidades que serão impactadas pelo turismo da Copa preparem-se já, planejando as obras e serviços necessários, que podem ser realizados diretamente ou por meio de parcerias público-privadas ou concessões, contratando os projetos executivos e definindo cronogramas e orçamentos. Esta é a fórmula para que o maior legado da Copa 2014 seja um Brasil melhor em 2015."
José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco)