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28 fevereiro 2013


Glória Maria

 “Troféu Mulher IMPRENSA de Contribuição ao Jornalismo”

foto:- IMPRENSA/Leonardo Rozário

     A 9ª edição do “Troféu Mulher IMPRENSA” elegeu com o “Troféu Mulher IMPRENSA de Contribuição ao Jornalismo” pelo conjunto da obra e por seu pioneirismo em diversas frentes, a jornalista Glória Maria, que junto com todas as vencedoras em diversas categorias receberão seus prêmios em cerimônia, em São Paulo, no próximo dia 11 de março. 
Só pra informar, também participamos do grupo de votação
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    Sobre sua carreira  Glória Maria concedeu entrevista à IMPRENSA :-
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IMPRENSA - Quando percebeu que jornalismo seria a sua profissão? Como era o mercado na época?

Glória Maria - Logo que cheguei na Globo para trabalhar na redação do Jornalismo, vi que era isso que eu queria para a minha vida. Sempre adorei escrever e me tornando repórter, eu poderia fazer isso. Nesta época estava ainda terminando o ginásio na escola. Além disso, as pessoas não tinham a pretensão de aparecer no vídeo. Isso era apenas para os apresentadores. Os repórteres, que gostavam de escrever e produzir matérias, ficavam por trás das câmeras. O telejornalismo não tinha este glamour que as pessoas enxergam hoje.

- Existe alguma jornalista pela qual você nutra admiração especial?

Barbara Walters foi umas das minhas referências e inspiração quando comecei no jornalismo.

- Sua carreira foi toda desenvolvida na Rede Globo? Como aconteceu sua entrada na emissora? Em que ano?

Comecei na década de 1970, estava terminando o ginásio e vim para a Globo a convite de uma colega, para trabalhar como estagiária na redação.

- Antes de você nenhuma jornalista negra tinha destaque na televisão. Você acha que sua entrada abriu o mercado?

Fui realmente a primeira repórter negra da televisão. Eu não tive uma jornalista negra como referência para me inspirar. Mas a Globo é uma empresa que acredita em talentos e, com o meu esforço e dedicação, consegui mostrar meu trabalho e conquistar meu espaço.

- Qual foi, na sua opinião, sua primeira grande matéria?

Minha primeira grande reportagem foi na cobertura da posse do presidente americano Jimmy Carter em 1977, em Washington. Foi minha primeira viagem internacional, me marcou muito.

- Você, embora tenha feito muitos trabalhos em estúdios e bancada, parece ter um gosto e um talento aguçado para reportagem. Quais são os elementos para uma grande reportagem?

Para uma boa reportagem acredito que são fundamentais elementos como: 1. curiosidade (o repórter tem que ter sempre um olhar atento); 2. respeito pelo assunto que você vai abordar; 3. ética (fundamental para qualquer coisa que você vá fazer na vida); 4. entender que o jornalista é um observador da sociedade e que não está ali para julgar ou acusar ninguém. Não é fácil, mas buscar a objetividade e a imparcialidade deve ser um exercício diário do repórter.

- Quando começou, imaginava se tornar uma estrela do jornalismo nacional?

Nunca tive a menor pretensão. Na época o vídeo era só para apresentadores, os repórteres não apareciam na televisão. Eu nem me imaginava no vídeo (nem eu nem nenhum dos meus colegas que estavam começando comigo). Aconteceu aos poucos, passo a passo.

- O que mudou na sua vida e rotina com a chegada de suas filhas?

Mudou tudo! Hoje faço a minha agenda de trabalho em função delas. Elas ocupam a maior parte do meu tempo e atenção. Sofro muito quando estamos longe, mas, mesmo com a distância física, faço de tudo para estar com elas: quando estou viajando, ligo várias as vezes ao dia para casa, converso com elas por vídeo para matar a saudade...

- É verdade ou lenda que você tem mais de dez passaportes preenchidos?

Já tenho uns 20 passaportes preenchidos. Mas ainda há muitos lugares no mundo que quero conhecer. Acabei de voltar, por exemplo, do Camboja  e o Vietnã, onde fiz reportagens para o ‘Globo Repórter’. Foi primeira vez que fui para esses dois lugares! Quero muito ir ainda também para a Somália, a Etiópia.

- Em diversas entrevistas você cita sua avó Alzira. Qual a importância dela em sua vida?

Uma das lembranças mais fortes da minha infância são da minha vó Alzira (mãe do meu pai, que faleceu aos 104 anos). Tenho um carinho muito especial por ela. Foi vó Alzira quem me ensinou tudo o que sei hoje sobre a vida. Ela – que chegou a ver seu bisavô, que era escravo, ser laçado nas matas de Minas Gerais – sempre dizia que uma das coisas mais importantes da vida era ser livre, não permitir nunca que alguém te aprisione. Esse ensinamento me marcou muito e nunca me esqueci.

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