Glória Maria
“Troféu Mulher IMPRENSA de Contribuição ao Jornalismo”
foto:- IMPRENSA/Leonardo Rozário
A 9ª edição do “Troféu Mulher IMPRENSA” elegeu com o “Troféu Mulher IMPRENSA
de Contribuição ao Jornalismo” pelo conjunto da obra e por seu pioneirismo em
diversas frentes, a jornalista Glória Maria, que junto com todas as vencedoras
em diversas categorias receberão seus prêmios em cerimônia, em
São Paulo, no próximo dia 11 de março.
Só pra informar, também participamos do
grupo de votação
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Sobre sua carreira Glória Maria concedeu entrevista à IMPRENSA :-
.Sobre sua carreira Glória Maria concedeu entrevista à IMPRENSA :-
IMPRENSA - Quando
percebeu que jornalismo seria a sua profissão? Como era o mercado na
época?
Glória Maria
- Logo que cheguei na Globo para
trabalhar na redação do Jornalismo, vi que era isso que eu queria para a minha
vida. Sempre adorei escrever e me tornando repórter, eu poderia fazer isso.
Nesta época estava ainda terminando o ginásio na escola. Além disso, as pessoas
não tinham a pretensão de aparecer no vídeo. Isso era apenas para os
apresentadores. Os repórteres, que gostavam de escrever e produzir matérias,
ficavam por trás das câmeras. O telejornalismo não tinha este glamour que as
pessoas enxergam hoje.
- Existe alguma
jornalista pela qual você nutra admiração especial?
Barbara
Walters foi umas das minhas referências e inspiração quando comecei no
jornalismo.
- Sua carreira
foi toda desenvolvida na Rede Globo? Como aconteceu sua entrada na emissora? Em
que ano?
Comecei
na década de 1970, estava terminando o ginásio e vim para a Globo a convite de
uma colega, para trabalhar como estagiária na redação.
- Antes de você
nenhuma jornalista negra tinha destaque na televisão. Você acha que sua entrada
abriu o mercado?
Fui
realmente a primeira repórter negra da televisão. Eu não tive uma jornalista
negra como referência para me inspirar. Mas a Globo é uma empresa que acredita
em talentos e, com o meu esforço e dedicação, consegui mostrar meu trabalho e
conquistar meu espaço.
- Qual foi, na
sua opinião, sua primeira grande matéria?
Minha
primeira grande reportagem foi na cobertura da posse do presidente americano
Jimmy Carter em 1977, em Washington. Foi minha primeira viagem internacional, me
marcou muito.
- Você, embora
tenha feito muitos trabalhos em estúdios e bancada, parece ter um gosto e um
talento aguçado para reportagem. Quais são os elementos para uma grande
reportagem?
Para
uma boa reportagem acredito que são fundamentais elementos como: 1. curiosidade
(o repórter tem que ter sempre um olhar atento); 2. respeito pelo assunto que
você vai abordar; 3. ética (fundamental para qualquer coisa que você vá fazer na
vida); 4. entender que o jornalista é um observador da sociedade e que não está
ali para julgar ou acusar ninguém. Não é fácil, mas buscar a objetividade e a
imparcialidade deve ser um exercício diário do repórter.
- Quando começou,
imaginava se tornar uma estrela do jornalismo nacional?
Nunca
tive a menor pretensão. Na época o vídeo era só para apresentadores, os
repórteres não apareciam na televisão. Eu nem me imaginava no vídeo (nem eu nem
nenhum dos meus colegas que estavam começando comigo). Aconteceu aos poucos,
passo a passo.
- O que mudou na
sua vida e rotina com a chegada de suas filhas?
Mudou
tudo! Hoje faço a minha agenda de trabalho em função delas. Elas ocupam a maior
parte do meu tempo e atenção. Sofro muito quando estamos longe, mas, mesmo com a
distância física, faço de tudo para estar com elas: quando estou viajando, ligo
várias as vezes ao dia para casa, converso com elas por vídeo para matar a
saudade...
- É verdade ou
lenda que você tem mais de dez passaportes preenchidos?
Já
tenho uns 20 passaportes preenchidos. Mas ainda há muitos lugares no mundo que
quero conhecer. Acabei de voltar, por exemplo, do Camboja e o Vietnã, onde fiz
reportagens para o ‘Globo Repórter’. Foi primeira vez que fui para esses dois
lugares! Quero muito ir ainda também para a Somália, a Etiópia.
- Em diversas
entrevistas você cita sua avó Alzira. Qual a importância dela em sua
vida?
Uma
das lembranças mais fortes da minha infância são da minha vó Alzira (mãe do meu
pai, que faleceu aos 104 anos). Tenho um carinho muito especial por ela. Foi vó
Alzira quem me ensinou tudo o que sei hoje sobre a vida. Ela – que chegou a ver
seu bisavô, que era escravo, ser laçado nas matas de Minas Gerais – sempre dizia
que uma das coisas mais importantes da vida era ser livre, não permitir nunca
que alguém te aprisione. Esse ensinamento me marcou muito e nunca me
esqueci.
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